O ofício da cantaria não é apenas força: é geometria. O escopro desenha ângulos, a lixagem doma o brilho, o rejunte costura pedras. A luz atlântica, alta e móvel, faz o resto — o dia reescreve as fachadas de hora em hora.
Arquitetura de Portugal
Fundamentos — Pedra, Luz e Água
A paisagem portuguesa nasce do diálogo entre cantaria, luz atlântica e água. A pedra guarda sombra, a luz recorta vãos e a água desenha a cidade com espelhos e sons.
Mosteiros e Claustros — A Geometria do Silêncio
O claustro é um quadrado que respira: sombra, jardim e o som da água. A repetição dos arcos acalma o olhar e mede o tempo.
Azulejo — A Pele da Cidade
O azulejo protege e conta: isola da maresia, reflete a luz e escreve cenas no caminho.
Cidades em Camadas — Miradouros e Calçadas
Lisboa e Porto se leem em planos: colinas, ruelas e calçada portuguesa que ondula como mar. Do alto, a cidade respira; no chão, o desenho guia o passo.
Do Românico ao Gótico — Massa e Altura
O românico pesa, o gótico levanta. Entre um e outro, o arco se afina, a luz sobe e a nave respira.
-
Românico
Muralhas espessas, vãos pequenos, torre firme para guardar a fé e a vila.
-
Gótico
Arco ogival, contrafortes e vitrais — altura que devolve a luz ao chão.
Manuelino — O Mar Esculpido na Pedra
Cordoaria, esferas, corais e nós: o manuelino transforma navegação em ornamento. A pedra aprende a falar mar.
Fortificações — Baluartes e Cortinas
A defesa virou geometria. Baluartes em estrela, cortinas baixas e fossos: pedra que calcula ângulos de sombra e alcance.
Praças & Rossios — Espaço Cívico
A praça organiza a vida: feiras, procissões, encontros. O desenho do chão é bússola de passos.
Madeira, Cal e Ferro — Materiais em Diálogo
Estruturas de madeira, paredes de cal e ferro trabalhado: a cidade equilibra calor, luz e resistência.
- MadeiraElasticidade
- CalRespiração
- FerroDesenho
Pombalino — Razão e Reconstrução
Depois do terramoto de 1755, a cidade ensaia a razão: quadras, alinhamentos e a gaiola pombalina anti-sísmica.
Arte Nova — Ferro, Vidro e Linha Viva
A curva entra na cidade: fachadas florais, varandas de ferro e vitrais que tingem o chão.
Reabilitação Contemporânea — Cuidar do Existente
Reusar é ler outra vez: fábricas viram casa, pedra encontra betão e o azulejo ganha silêncio novo.
Princípio: intervir com medida — menos gesto, mais continuidade.
Matéria: mostrar as camadas: madeira antiga, ferro refeito, betão leve.